Não me recuses o Amor.
Não me negues o Belo.
Não me cales a voz,
que teima em invadir as paredes que me rodeiam.
Não me cortes os sons dos que chegam,
de longe:
tristes,
sós,
únicos.
A chama de um fósforo,
quente e bela, rebentando de cor.......
o perfume de um pé de jasmim,
branco,
singular,
na sua natureza frágil e breve;
o sabor dos frutos e madeiras,
das encostas quentes num líquido vermelho chamado vinho.
Sim. Sophia.
Um verso.
Uma palavra.
Um acorde.
Uma imagem.
Não. Não é o sangue que me corre nas veias.
É o Mundo!
Sempre foi.
Brusco e imenso, forte e só meu,
como o Mar.
Não receies por mim.
Não temas que me perca na emoção de estranhos.
Eu sou uma estranha.
Eu sou o mundo e o mundo inteiro habita em mim.
E se me tocares,
Se fechares os olhos e me tocares,
Sentirás o estremecer da terra,
o silêncio do fundo do Oceano,
o estertor da fome,
o medo fechado no punho de uma criança.
Treme
quando em mim não pulsar tudo o que é singular,
imenso,
quente,
arrebatador,
Treme
quando me ouvires calar um Não.
Treme
quando as lágrimas me fugirem,
quando eu preferir o negro à siena,
ou ao fogo.
Isto sou eu.
E nada mais.
Eu sou assim.
Não vou mudar.
O Mundo vai sempre correr nas minhas veias;
hoje Gardel...Piazolla, amanhã Purcell.
Hoje Bovary.
Amanhã Guiné.
Fome, Guerras, sei lá....os quatro cavaleiros do Apocalipse.
Nunca os temi.
Só
temi
( e já são tantos os anos),
O que Tu Temes
em Mim.
3 de Abril de 2007
10 hrs
caneta: New York City
Salisbury Hotel
1- 888-NYC- 5757
caderno : Moleskine preto/plain
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