Thursday, August 23, 2007

Carolina Morning


Não me recuses o Amor.

Não me negues o Belo.

Não me cales a voz,

que teima em invadir as paredes que me rodeiam.

Não me cortes os sons dos que chegam,

de longe:

tristes,

sós,

únicos.

A chama de um fósforo,

quente e bela, rebentando de cor.......

o perfume de um pé de jasmim,

branco,

singular,

na sua natureza frágil e breve;

o sabor dos frutos e madeiras,

das encostas quentes num líquido vermelho chamado vinho.

Sim. Sophia.

Um verso.

Uma palavra.

Um acorde.

Uma imagem.

Não. Não é o sangue que me corre nas veias.

É o Mundo!

Sempre foi.

Brusco e imenso, forte e só meu,

como o Mar.

Não receies por mim.

Não temas que me perca na emoção de estranhos.

Eu sou uma estranha.

Eu sou o mundo e o mundo inteiro habita em mim.

E se me tocares,

Se fechares os olhos e me tocares,

Sentirás o estremecer da terra,

o silêncio do fundo do Oceano,

o estertor da fome,

o medo fechado no punho de uma criança.

Treme

quando em mim não pulsar tudo o que é singular,

imenso,

quente,

arrebatador,

Treme

quando me ouvires calar um Não.

Treme

quando as lágrimas me fugirem,

quando eu preferir o negro à siena,

ou ao fogo.

Isto sou eu.

E nada mais.

Eu sou assim.

Não vou mudar.

O Mundo vai sempre correr nas minhas veias;

hoje Gardel...Piazolla, amanhã Purcell.

Hoje Bovary.

Amanhã Guiné.

Fome, Guerras, sei lá....os quatro cavaleiros do Apocalipse.

Nunca os temi.

temi

( e já são tantos os anos),

O que Tu Temes

em Mim.

3 de Abril de 2007

10 hrs

caneta: New York City

Salisbury Hotel

1- 888-NYC- 5757

caderno : Moleskine preto/plain

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