Sunday, January 27, 2008

Porque não esquecemos. Porque é preciso continuar a viver e lutar

Si Se Calla El cantor

Composição: Horacio Guarany

Si se calla el cantor calla la vida
Porque la vida, la vida misma es todo un canto
Si se calla el cantor, muere de espanto
La esperanza, la luz y la alegría.

Si se calla el cantor se quedan solos
Los humildes gorriones de los diarios,
Los obreros del puerto se persignan
Quién habrá de luchar por su salario.

Hablado
'Que ha de ser de la vida si el que canta
No levanta su voz en las tribunas
Por el que sufre,´por el que no hay
Ninguna razón que lo condene a andar sin manta'

Si se calla el cantor muere la rosa
De que sirve la rosa sin el canto
Debe el canto ser luz sobre los campos
Iluminando siempre a los de abajo.

Que no calle el cantor porque el silencio
Cobarde apaña la maldad que oprime,
No saben los cantores de agachadas
No callarán jamás de frente al crimén.

Hablado
'Que se levanten todas las banderas
Cuando el cantor se plante con su grito
Que mil guitarras desangren en la noche
Una inmortal canción al infinito'.

Si se calla el cantor . . . Calla la vida.

Thursday, January 24, 2008

Para viver um grande amor




E para quem quer saber , sentir, ouvir...amar...
.. é só escutar

Para Viver Um Grande Amor

Vinicius de Moraes


Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.

Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.

Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.

Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.


Texto extraído do livro "Para Viver Um Grande Amor", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1984, pág. 130.

Aniversário


Aniversário


Pessoa que me perdoe,
mas no dia em que festejavam o dia dos meus anos,
o mundo era meu e todos os relógios paravam.
No dia em que festejavam o dia dos meus anos, apesar das lágrimas, eu era a princesa do meu mundo encontrado.
Nunca, ninguém saberá, que nesse dia a minha alma voava doida de alegria, por ser única. Por ser Eu.
No dia em que festejavam o dia dos meus anos, havia um bolo, com cobertura de açucar, velas usadas e taças velhas de champanhe. E às vezes, também havia prendas.
E todos sabiam que era o dia dos meus anos.
Mas nunca ninguém se lembrou de me dizer o que fazer ou o que sentir, no dia dos meus anos.

Nem sequer do que esperar.

No dia a seguir.

Esperaram sempre que eu o soubesse. Percebesse. Só não sabiam como me custaria aceitá-lo também.
Um dia surgiu a indiferença e logo de seguida, a arrogância.

No dia em que festejavam o dia dos meus anos,
eu era feliz.
E sabia-o.






Il y a longtemps que je t'aime,
Jamais je ne te oublierai. ( Canção de embalar; francesa)