Saturday, August 25, 2007

carta ao director 4

2005-11-19 00:32

Quem desdenha quer comprar. Este ditado não é de agora. Os senhores e senhoras que tanto fel tem derramado nestes comentários aos professores, não lhes invejam afinal os tão famosos 3 meses de férias? Ignorantes, os pobres, se realmente soubessem o que é ser professor, não teriam tanta inveja. Não há muito o que invejar afinal, a não ser o facto de que um professor ensina. Os senhores e senhoras insultam, denigrem, difamam, levados por sentimentos pouco nobres e também por falta de inteligência e muita ignorância, ao mostrarem que são tão facilmente manobrados por um governo, que apenas faz aquilo que sabe fazer melhor:propaganda política. Tapam-se as asneiras acusando alguém, neste caso os professores. Se têm filhos, pensem melhor que tipo de futuro lhes estão a proporcionar. O saber estima-se. Por isso, estimem quem o tem e quem o pode e sabe transmitir. Ninguém vos deu o direito de julgar e difamar. Tenham vergonha. Eu sou professora e tenho muito orgulho de o ser e mais, adoro ensinar, adoro o que faço. E vocês? Vão cantar para outra freguesia e já agora, comprem livros aos vossos filhos, passem mais tempo com eles em vez de os meterem nos quartos com arsenais de consolas, dvds, computadores, e outros tristes substitutos da vossa presença e ajuda que se nota (nós os professores sabemos, porque lidamos com estas crianças todos os dias) que as crianças hoje em dia, têm muita coisa de marca, menos os pais.

Perdão ??? Nunca



INTERNACIONAL

Viernes, 6 de noviembre de 1998

EL MUNDO periodico



BLOC DE NOTAS

BERNARD-HENRI LEVY

La infamia de Augusto

Canonización de Edith Stein. Parece bastante lógico y natural que el Papa, siendo lo que es, jefe de una Iglesia en la que se cree, con razón o sin ella pero por principio, que el cristianismo es la culminación del judaísmo:

1. Que sólo pueda celebrar a una judía si se ha convertido a la nueva alianza (¿Qué habríamos dicho si hubiese beatificado a Anna Frank?).

2. Que al hacer esto, tenga el sentimiento de conmemorar, a su manera, el horror inaudito del acontecimiento (¿No se esmera en presentarla él mismo, a esta convertida, como mártir por ser judía?).

Se puede rechazar, evidentemente, su autoridad de Papa. Se puede negar esta culminación cristiana del judaísmo. Pero no se le puede negar el derecho de ser Papa y de ser cristiano. Y no se le puede reprochar llevar luto por un desastre del que corresponde a cada cual recordar según su lengua, sus dogmas, su fe y su calendario.

Juan Pablo II no recupera el holocausto. No lo cristianiza. Hace justo lo que tiene que hacer, que es, como en su visita a la sinagoga de Roma, honrar las raíces judías de la fe cristiana. ¿Un día del holocausto, en la fecha de la muerte de Edith Stein? Claro que sí. Es la respuesta, 50 años después, a los silencios de Pío XII.

Lo nunca visto en la historia de la prensa. El poder argelino censura dos periódicos (Le Matin y El Watan). Y los demás (El Khabar, Soir d'Algerie, Quotidien d'Oran, La Tribune), en vez de salir a la calle, cueste lo que cueste, se solidarizan con los suspendidos y hacen huelga. Lección de radicalidad democrática.

La guerra del derecho contra lo inhumano. Y, como siempre, con estos hombres que no dejan de sorprendernos por su coraje, al mismo tiempo que por su inteligencia política, la cuestión que se plantea es la siguiente: ¿Sabremos estar, en Francia, a la altura de su ejemplo? ¿Tendremos la imaginación necesaria para responder al gesto de una prensa que, para confundir mejor a sus censores, se suspende a sí misma y se calla?

¿Por qué no intentar, pues, darle asilo espiritual y materialmente? ¿Por qué no ofrecerle aquí, mientras dure este brazo de hierro, un poco de espacio en nuestros propios periódicos? Un claro en su noche. Y, para los amigos de Argelia, una bella manera de tomar partido.

Tienen razón Mario Vargas Llosa y Revel: es más fácil inculpar a Pinochet que a Fidel Castro. Me gustaría ver a los defensores de los derechos humanos perseguir a tal o cual dictador con la misma energía con la que persiguen a este verdugo retirado. Pero de eso, como acaban de hacer los jueces ingleses, a extender a uno de ellos la sorprendente impunidad de los demás...

De eso a decir: «Dado que no se detiene ni a Castro ni a Hafez Asad, ni a Milosevic, dejemos en paz a Pinochet», hay un paso que no tengo ganas de dar.

¿Perdonar a Pinochet? Sólo se puede perdonar al que pide perdón. Pues bien, no contentos con no pedirlo, los responsables del terror de Chile se vanaglorian: «¿No hemos salvado al país de la bancarrota? ¿No hemos pagado sus deudas y restaurado sus fundamentos? ¿No hemos puesto nuestra economía en orden de batalla, a cambio de miles de cuerpos ajusticiados, desgarrados, torturados y desaparecidos?»

Aunque sólo sea por eso, aunque sólo fuese por esta forma de borrar las referencias de la conciencia moral, Pinochet merece ser juzgado. El perdón es demasiado fácil. Demasiado perezoso y, por lo tanto, demasiado fácil. Y por lo que a Castro se refiere, imagino su alivio, cuando supo que su viejo hermano enemigo quizá pueda morir en su cama. «Uf, el trago ha pasado... Ha costado, pero ha pasado... No habrá un precedente Pinochet...».

Se reclaman de Guy Debord, pero también del poeta Lautréamont. Apuestan no por la «revolución», sino ¡lo que es más interesante! por la «escisión». Algunos, según dicen, escriben para «hacerse perdonar». Escriben contra el nihilismo y contra el resentimiento.

Otros le dan a la noria de la misma penosa novela familiar: papá-mamá, mirarse al ombligo y ningún sufrimiento, culto a una autenticidad concebida como el insuperable horizonte de la «joven» literatura.

Le hacen a esta ideología umbilical, a estos olores de calzón y de carne humana, una guerra total y prolongada. Apunten sus nombres. Se llaman François Meyronnis y Yannick Haenel. Y, a la sombra de algunos mayores, animan una pequeña revista, casi una octavilla, que se titula Línea de riesgo y que es probablemente, en su género, lo que, en estos momentos, se escribe de más creativo, más audaz y más innovador.

¿Están cansados de sus pequeñas personalidades, de sus pequeñeces y de sus humildes miserias? ¿Le parece que la polémica de Michel Houellebecq cae en el academicismo?

Pues vayan a comprar la última entrega de esta revistita, en una de esas raras librerías que la tienen en depósito. Encontrarán en ella el gusto perdido por las vanguardias, una manera olvidada de escribir, de leer, de pensar, como en la guerra. La literatura, deber del pensamiento. «Una época sabe, de oficio, la existencia del poeta», decía Mallarmé.

Guy Debord es pensador francés.

Lautrémont es poeta francés.

Traducción: José Manuel Vidal.


cartas....3

O que precisa de mudar são os espaços escolares completamente degradados, onde tanto professores como alunos gelam no Inverno, porque as escolas não têm dinheiro para o aquecimento, e morrem de calor, no verão, muitas vezes em pré fabricados sem o mínimo de condições para fazer seja o que for. Precisa de ser melhorada a segurança: é comum as escolas serem "rondadas" por vendedores de droga à espera de conseguirem angariar mais clientela, tentando seduzir os alunos mais abandonados, que têm que esperar horas por um autocarro e ainda têm que fazer longos percursos a pé, em estradas desertas, de noite. Não é preciso ir ao Portugal profundo" para encontrarmos estas situações. É preciso que as cantinas sirvam comida mais equilibrada e proíbam as máquinas de refrigerantes e doces, afinal a escola é uma instituição não é um local de negócio. É necessário que haja de facto funcionários a cuidarem de alunos com deficiências, para que estes não fiquem abandonados num canto em todos os intervalos, porque as bibliotecas ou outras salas de convívio estão estrategicamente situadas nos andares superiores. Estes alunos têm direito a serem tratados com dignidade e não com desinteresse ( a crítica não é dirigida aos funcionários, mas à falta deles, e quando os há têm que prestar outros serviços à escola, portaria, limpeza das salas etc, porque não há, nunca há funcionários suficientes numa Escola; senhores governantes, gastem o dinheiro que NÓS vos damos, no que é realmente importante). É preciso que os professores recuperem alguma autoconfiança e respeito por eles próprios, porque todos os que fazem as leis, todos os que fazem funcionar este país, foram alunos em primeiro lugar. São os alunos que jocosamente se referem aos professores como "desgraçados" que não ganham sequer para um bom carro, são os pais que raramente vão à escola, mesmo quando instados amiúde pelos professores, já para não falar dos casos que se avolumam dos pais que entram no local de trabalho de um professor - a sala de aula- e insultam e agridem fisicamente os docentes que estão ali exactamente a tentar educar os filhos desses pais. É preciso que as burocracias acabem, é preciso que os professores tenham tempo para prepararem as suas aulas e corrigirem os trabalhos, porque se queremos um ensino com qualidade, este tem que ser feito com tempo e gosto e não através de papeladas obsoletas, que levam horas a preencher e que não servem rigorosamente para nada. É necessário respeito e punição dos que impunemente têm atacado a classe docente, como se esta fosse a responsável pelos males deste país. São infelizmente muitos os caem ainda nestas manobras de desviar a atenção dos reais problemas da educação de hoje: as escolas têm banda larga (sim ? E as cantinas funcionam? E têm pavilhões de Educação Física? E segurança?)os professores têm três meses de férias ( ah, mas isto já enjoa, será que é preciso convidar o resto dos não-professores deste país para acabar com este mito?) os professores faltam muito ( e os médicos, e os juízes e o resto das classes trabalhadoras? ) os professores têm possibilidade de faltar para levar os filhos ao médico (Se forem menores de três anos, caso contrário, não) e podíamos continuar ad eternum mas sinceramente, tudo isto já cansa. Pagamos impostos, trabalhamos por esse país fora, separados muitas vezes da família sem ajudas de custo para combustível ou aluguer de casa (ou quarto!), todos os anos sofremos na pele o que o Ministério se lembra de inventar, para conseguir mais votos e não melhor educação e agora acham por bem colocar os pais como avaliadores dos professores? E atiram com desculpas esfarrapadas do género "SÓ vão avaliar a relação pedagógica" Como, se quando têm a oportunidade de o fazer esquivam - se sempre (salvo as excepções que não são assim tantas, falam dezassete anos de experiência), relegando para os professores o papel de pais, professores e psicólogos (pois porque as escolas também não conseguem aguentar no seu orçamento a contratação de psicólogos). Os pais não gostam de ouvir que os alunos são agressivos ou instáveis devido ao ambiente familiar. Quantos lêem as cadernetas? Quantos se falam com os filhos ao fim do dia, perguntando-lhes como correu o dia na escola, se têm testes, trabalhos de casa etc? Estão cansados ( daí as consolas , os PCs, as televisões no quarto ) pois claro que estão, mas também os professores o estão, porque passam o dia a tentar formar crianças , mas também são pais , também têm filhos e muitas vezes a paciência já foi esgotada com os filhos dos outros. Eu pessoalmente, não quero saber se os Encarregados de Educação me vão avaliar, não lhes reconheço capacidades para o fazer, quanto à progressão na carreira, imporem tanto disparate, quando congelaram os aumentos de quem já progrediu no escalão, depois de ter que frequentar acções de formação em horário pós laboral e elaborar relatórios de análise do serviço prestado, devidamente avaliados por orgãos gestores das escolas é francamente insultuoso. Portugal de amanhã? Alunos cada vez mais descontentes e mal formados porque podem passar com um nível absurdo de níveis negativos, graças às mil e uma reformas do ensino, professores desmotivados ,cansados e humilhados. Sr. Primeiro Ministro, Sr.ª Ministra da Educação, daqui a pouco tempo terão deixado os cargos que neste momento afectam tão profundamente a vida de tanta gente, mas nós, professores continuaremos aqui, muito possivelmente até aos 65 anos, tentando minorar , colmatar, resolver, trabalhar e viver com os erros crassos mas populistas que os senhores cometeram. Analisem , estudem e sobretudo PENSEM. Não foi isso que vos ensinaram na escola...a pensar?? Das duas uma, ou não tinham "boas relações pedagógicas" com os vossos professores ou .....então, não conseguiam mesmo pensar. Não tenho dúvidas, infelizmente, de qual era o vosso caso. Já agora, uma sugestão: proponham o mesmo método de avaliação para deputados, médicos, políticos… eles vão adorar os novos avaliadores de “relações pedagógicas”.


Cartas ao Director (perdi a conta)

O Direito à Vida

Quantas crianças precisarão de morrer, para que as leis deste país mudem? Quantas crianças precisarão de morrer até que, as supostas comissões de protecção de menores ajam com eficácia? Quantas crianças mais precisarão de morrer, até que os vizinhos, os familiares, todas as testemunhas destes crimes, porque as há, levantem a voz e denunciem bem alto, até serem de facto ouvidas, e assim impedirem mais uma morte cruel?

Senhores e senhoras que supostamente trabalham para proteger as crianças dos abusos dos adultos, que desculpa fabricam para vocês próprios, quando permitem que mais uma criança entregue, por vossa decisão, a indivíduos que não oferecem a mínima confiança, morra de forma atroz? Como são as vossas vidas? Basta clamarem em vossa defesa que não dispunham de todas as informações? Que critérios são os vossos, quando permitem que uma criança, seja arrancada de um lar , onde era bem tratada, entregando-a a quem não oferece a mínima condição de saber cuidar dela?

Num caso, em que se suspeita haver prática de dois crimes: maus tratos a um menor, agravados pelo resultado (morte) e profanação do cadáver, prevê-se uma punição que vai respectivamente de três a dez anos de prisão e prisão até dois anos ou até 240 dias de multa. Muito leve parece ser este castigo, para quem submete um ser indefeso e inocente a práticas de tortura e de assassínio.

Demasiada burocracia e leis ridículas são os estandartes de defesa dos direitos das crianças neste país.

Enquanto continuarmos a olhar para o lado e calarmo-nos de cada vez que mais uma criança é barbaramente assassinada, seremos tão culpados, como os que de facto, cometeram o crime.

Há vozes, débeis, que se começam a fazer ouvir, mas que são oportunamente, silenciadas, de forma subtil, obviamente. Responsabilização e punição de todos os que contribuíram directa ou indirectamente para que estes crimes acontecessem é o primeiro passo, para começarmos a viver de uma forma mais justa, permitindo que os pequenos e indefesos tenham direito, de facto, a uma vida decente, com amor, educação e respeito.

Resposta aos alarves

19.05 23 de Abril de 2006

Com que então Salazar não devia ter permitido os excessos da polícia Política! Se calhar andava demasiado ocupado a dar emprego a toda a gente! Sim, porque iluminem-se os que disto não sabiam: durante 48 anos reinou a paz e todos tinham que comer. Era tão bom; as senhoras dedicavam-se aos concursos de excelência doméstica (as que podiam, porque aparentemente outras morriam defendendo a família e o emprego, mas isto devem ser boatos de quem andou a ler História ou , se calhar, a vivê-la, ignoremos o comentário pois então!), os homens eram todos honrados e respeitavam a bandeira (não interessa agora mencionar os 12 mil mortos e os mais de 30 mil estropiados, que obrigados ou não, pagaram esse preço por defenderem os tais "símbolos nacionais").

Economicamente mais fortes que os Espanhóis diz o senhor Mariachi, bem, digamos que Franco, aliado de Salazar, quando lhe convinha soube bem aproveitar os prisioneiros de guerra para reconstruir o país que havia destruído antes, na luta contra os comunistas. Salazar foi muito mais eficaz: apenas mandou prender ou matar quem com ele discordava, envolveu o Povo Português numa propaganda obscurantista que só poderia ter efeito nas gentes oprimidas, mas como disse o Sr.Mariachi?"Pobres mas honradas". Para não falarmos das mortes pelas quais Salazar foi directamente responsável ao recusar a entrada aos que acorriam do resto da Europa fugindo do Nazismo, enviando-os directamente para os campos de Morte, ao deixar a Polícia Política Espanhola entrar livremente em Portugal que perseguia os Anti-Franquistas, com um passaporte para a execução sumária.

De facto, na altura, nem os ciganos faziam o que queriam, pois não Sr. Mariachi?Nem os ciganos nem ninguém! Nem mesmo os "comunas" (sabia que o uso desses termos denuncia bem a sua escola política não? Se é que podemos incluir as suas ideias em alguma escola política.

Deixe-me dizer-lhe uma coisa Sr. Mariachi: o meu nome é Ana (bem Português ,não acha, ao contrário do seu?), o meu pai lutou na Guiné durante quase três anos , porque o seu querido Salazar assim o determinou e ninguém o ajudou a recuperar do mal que viu e foi obrigado a fazer. As minhas notas foram excelentes Sr. Mariachi e as propinas eram as de uma Universidade Pública , que estranhamente me concedeu uma bolsa devido às minhas notas e à minha situação económica. Bizarro! Sózinha, honrada e Portuguesa também fiz alguma coisa da minha vida, por isso, e leia com atenção: as suas palavras denotam de uma forma alarmante a forma alarve como o Sr. Mariachi vê o nosso passado e o nosso futuro. O seu texto não passa de uma aberração fruto de muita ignorância e falta de pudor em reconhecê-lo. Mas como vivemos numa Democracia, e Salazar já cá não está para tapar as vozes discordantes, tanto eu como o Sr. Mariachi temos o direito de exprimir as nossas opiniões. No tempo do Fascismo isto seria impossível, até para si Sr. Mariachi

Em resposta a :

· O inicio de uma nova e pior Ditadura

El_Mariachi

2006-04-22 23:48


Nesse dia de Abril de 1974 tinha eu 3 anos de idade, todavia, cedo despertei para o significado desse dia. As minhas primeirdas recordações sobre a política são da campanha eleitoral do General Eanes e da AD. Mais tarde, lembro-me da noite emque caiu o Cesna e da morte de Sá Carneiro. Nessa noite tomei consciênca de como os comunistas podiam ser cruéis e vingativos pois, na rua gritavam: Temos carneiro assado! Temos carneiro assado.
Para mim o único aspecto positivo que o 25 de Abril trouxe foi o fim de uma guerra há muito perdida. De resto o regime de Salazar cometeu 4 grandes erros:
1º Não ter aderido ao tratado CECA ao mesmo tempo que a França, Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda e Luxembrugo - naquilo que deu origem à actual União Europeia. Talvez hoje estivessemos na cabeça da Europa.
2º Ter permitido que a guerra em África se tivesse arrastado como arrastou quando podiamos ter lá ficado. Bastaria ter celebrado acordos de cooperação com os povos dos paises ocupados por forma a fazer-se a descolonização de uma forma pacífica e gradual.
3º Ter permitido os excessos de uma Polícia Política.
4º Não ter procedido à passagem de testemunho na devida altura.
De resto e segundo dizem as pessoas da época:
Havia empregos para todos.
Havia casas suficientes para alugar e não era preciso andar a engordar bancos chulos.
Havia segurança nas ruas.
Havia vontade de trabalhar e fazer o trabalho da melhor forma e com dignidade.
havia respeito pelos simbolos nacionais.
Os carros da administração pública andavam até cairem.
Havia contenção na despesa por parte dos governantes.
Havia honestidade e honra nos homens
Havia meia duzia de códigos que regulavam e muito bem a actividade JUSTIÇA.
AS paredes estavam limpas e não estavam conspurcadas com grafittis e cartazes.
As pessoas eram sensatas e tinham vergonha de ficar a dever. Pobres mas Honrados.
Nós eramos mais fortes economicamente do que os nuestros hermanos.
Os ciganos não faziam o que queriam.
Os políticos não enriqueciam à custa do povo.
Havia escola para todos.
O dinheiro dos impostos era bem gerido.
De resto Salazar e Caetano eram homens de nota 19. Cunhal só não teve nota 20 no seu curso (DIREITO) porque era comunista.
Hoje os nossos políticos são uns barda.... que sobem na vida à custa de se começarem logo a vender quando estão nas associações de estudantes.
Naquele tempo a CUF era poderosa. Tinhamos coisas nossas. Onde é que temos hoje homens da fibra de CHampallimaud? Jorge de Mello? E outros que os comunas apelidaram de fascistas mas que, para além, de criarem riqueza preocupavam-se com os trabalhadores.
Hoje temos aí o homem sonae que suga os trabalhadores a troco de 80/90 contos.
HOje temos a verdadeira ditadura.
Será que este povo anda todo a dormir?

Number three

26/9/1999
Xanana Gusmão tem demonstrado um saber diplomático e uma contenção quase inexplicáveis já que se trata de um homem que passou mais de dezassete anos no mato, lutando pela libertação do seu povo e sofrendo com ele as consequências do ostracismo a que a comunidade Internacional o votou. Graças a Deus que não clama por sangue de vingança, mas apela à paz e à reconciliação, porque, sejamos honestos, quando esta hora , bela, não nego de euforia e solidariedade passsar, Timor leste continuará demasiado perto da Indonésia,e, mais uma vez ficarão sózinhos. E, só neste século, essa situação já se repetiu várias vezes,com repercurssões terríveis. Mais de 40 mil timorenses foram chacinados pelos japoneses,durante a 2ªguerra mundial, após a retirada envergonhada australiana,e durante os anos 70, quando mais de 250 mil foram massacrados com o aval , mais uma vez da Austrália, dos E.U., mais especificamente desse senhor chamado Kissinger e do resto da comunidade internacional que fez ouvidos moucos aos débeis pedidos feitos por Portugal, para alertar para a situação vivida lá.
Xanana Gusmão, obviamente não quiz adiar a data do referendo apesar das ameaças de violência que lhe sucederiam; mas tambem não pediu para que a ONU fosse mentecapta ao ponto de preparar o referendo sem criar o mínimo de condições para que esse acto de crucial importância tanto para timorenses como para os póprios indonésios. Foi A ONU que ignorou o perigo demasiado anunciado, até pelo próprio Ministro dos Negócios estrangeiros Irlandês que se viu obrigado a refugiar-se , como tantos outros , na casa do Bispo Ximénes Belo. Já nessa altura,antes do referendo, já o terror reinava. A ONU quiz acreditar em contos de fadas e não se deu ao trabalho de fazer um trabalho competente e responsável, que é o que lhe compete. Por isso, lamento, mas atirar as culpas para Xanana, é simplesmente imoral e denuncia falta de respeito e facilidades pouco invejáveis de julgar e condenar o que não se conhece.

-- Ana Ferreira,

number two

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Espaço PúblicoCartas ao Director



Holocausto?
Por ANA FERREIRA, Braga
Domingo, 6 de Fevereiro de 2000

É difícil ao cidadão comum manter uma certa serenidade face a determinados acontecimentos, como os que têm surgido na Áustria. Já há algum tempo que pensava manifestar publicamente o meu descontentamento, a minha revolta, a minha náusea pelas palavras e actos dos líderes dos partidos de extrema-direita e os supostamente conservadores.

(...) Se por um lado, ficamos revoltados com as afirmações xenófobas e as alusões a um tempo que ninguém quer de volta, por outro lado, uma questão crucial se impõe: como reagir, de uma forma adequada e racional, sem ferir as susceptibilidades do povo e governo austríacos que já na década de 80 corou de revolta pela "invasão de privacidade" ao ver os podres do seu Presidente da Républica espalhados em praça pública? É uma questão que evidentemente o cidadão comum terá dificuldades em responder.

Pessoalmente, não sei exactamente qual será o melhor: apontar o dedo e dizer "esse homem é uma vergonha", ou, ignorá-lo, porque suponho que isso seja o que ele mais teme, a indiferença. Talvez seja aconselhável, antes de gritar e espernear, saber exactamente o que se passa no não tão distante "Reino Da Austria".

Ana Ferreira, Braga

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Some letters to the Newspaper editor (1999) number one

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Espaço PúblicoCartas ao Director



Vergonha
Por ANA FERREIRA, Braga
Quinta-feira, 28 de Outubro de 1999

Que vergonha para os portugueses! É esta a ideia que os nossos governantes têm de liberdade de expressão, de justiça e de igualdade dos direitos humanos? Serão os tibetanos e os cidadãos chineses menos dignos da nossa solidariedade do que pareceram ser os timorenses ainda há tão pouco tempo? Que fique registado nos nossos anais de vergonhas que a Amnistia Internacional foi impedida de se manifestar contra a pessoa de Jiang Zemin, chefe de Estado de uma nação onde os direitos humanos não merecem a menor consideração.

Que fique registado que os portugueses podem gritar bem alto em frente à Assembleia da República o seu apreço por Xanana Gusmão e o seu desprezo pelos governantes indonésios que permitiram, ao longo dos anos, tanta miséria e crime, mas - e que fique bem claro - não podem de forma alguma mostrar, com a mesma liberdade - e que não se enganem certas pessoas, a mesma liberdade que a todos nos é devida (ou não falamos nós, portugueses, orgulhosamente em democracia?)-, o desprezo e descontentamento com tal personalidade, digna representante de vergonhas e crimes que, por momentos, são convenientemente esquecidos, envergonhando assim uma nação que parecia haver despertado para uma maior consciencialização do poder da sua voz.

É pena que os nossos senhores governantes sejam tão invertebrados em determinadas questões. Pessoalmente... fiquei com náuseas.

Ana FerreiraTopo de Página





recollections

Random Thoughts on a Sunday Afternoon

Children playing outside,

Dogs barking and distant echoes of neighbours' conversations.

The door is closed but the smell of the flowers stubbornly invade the house,

Filling every room with its scent that denounces the arrival of spring.

Another cigarette is smoked,

Another paper is corrected,

Another hour passes

Slowly

Feelings are blurry, they are simply shapeless.

Which is odd,

But the definition of odd gets fuzzy and ultimately forgotten.

Floating state where feelings are merged in oblivion and memory fades nicely behind the curtains of the window of the house.

The curtains of the house,

The window of the house,

The house of,

The house.

2000-06-11

Travelling images1

The hotel was in Tribeca just two streets down from Kennedy's door. The
place was crowded and the smell of hundreds of flowers was sickening.

The heat.
Found delicious bookstores, finally saw some Hopper paintings, walked till
where my legs could take me, devoured Paul Auster's NY trilogy, listened to
some bands,
So many things I did, so many things I missed but impossible to be
everywhere.....
The
schizophrenic young girl stabbed to death at the park and the
Shakespeare play the next day in the same place; Kennedy's plane crashing
and the tv channels going crazy ; mother and daughter dead because an old
building fell apart on them.......
Everytime I saw a child ... remembered mine. Long phone calls.
This guy, a boy actually, around 16 , in front of us in the airport pulls up
his white t-shirt to clean his mother's tears.
Eyes wide open

and Charlotte......no smoking in the squares, plazas, streets, hideous malls,
just an Irish pub to run away from the heat of the afternoon(very beautiful although the bartender was from Iowa and not from Ireland as I wanted to) and the museum where I suddenly found myself in a press conference with Dale Chihuly, the master of
glass.

The heat
makes the air heavier as if you could touch it, a deeper awareness of the body
the full moon kept me company all the way back.

Friday, August 24, 2007

Do you know this painting?

Frida Kahlo







Um dia visitarei a Casa Azul.
Um dia verei todos os seus quadros....sentir-lhes-ei o cheiro, tactearei cuidadosamente as telas e perder-me -ei indefinidamente na sua magia.


Nunca outro pintor havia conseguido transpor para a tela tamanha sinceridade, cruel para alguns, real para Frida. O seu talento esteve ao serviço da sua dor e o contrário também.

Foi uma mulher de uma coragem infinita para muitos e opressiva para alguns.


ÁGUA VIVA

Clarice Lispector


É com uma alegria tão profunda. É uma tal aleluia. Aleluia, grito eu, aleluia que se funde com o mais escuro uivo humano da dor de separação mas é grito de felicidade diabólica. Porque ninguém me prende mais. Continuo com capacidade de raciocínio – já estudei matemática que é a loucura do raciocínio – mas agora quero o plasma – quero me alimentar diretamente da placenta. Tenho um pouco de medo: medo ainda de me entregar pois o próximo instante é o desconhecido. O próximo instante é feito por mim? ou se faz sozinho? Fazemo-lo juntos com a respiração. E com uma desenvoltura de toureiro na arena.
Eu te digo: estou tentando captar a quarta dimensão do instante-já que de tão fugidio não é mais porque agora tornou-se um novo instante-já que também não é mais. Cada coisa tem um instante em que ela é. Quero apossar-me do é da coisa. Esses instantes que decorrem no ar que respiro: em fogos de artifício eles espocam mudos no espaço. Quero possuir os átomos do tempo. E quero capturar o presente que pela sua própria natureza me é interdito: o presente me foge, a atualidade me escapa, a atualidade sou eu sempre no já. Só no ato do amor – pela límpida abstração de estrela do que se sente – capta-se a incógnita do instante que é duramente cristalina e vibrante no ar e a vida é esse instante incontável, maior que o acontecimento em si: no amor o instante de impessoal jóia refulge no ar, glória estranha de corpo, matéria sensibilizada pelo arrepio dos instantes – e o que se sente é ao mesmo tempo que imaterial tão objetivo que acontece como fora do corpo, faiscante no alto, alegria, alegria é matéria de tempo e é por excelência o instante. E no instante está o é dele mesmo. Quero captar o meu é. E canto aleluia para o ar assim como faz o pássaro. E meu canto é de ninguém. Mas não há paixão sofrida em dor e amor a que não se siga uma aleluia.
Meu tema é o instante? meu tema de vida. Procuro estar a par dele, divido-me milhares de vezes em tantas vezes quanto os instantes que decorrem, fragmentária que sou e precários os momentos – só me comprometo com vida que nasça com o tempo e com ele cresça: só no tempo há espaço para mim.
Escrevo-te toda inteira e sinto um sabor em ser e o sabor-a-ti é abstrato como o instante. É também com o corpo todo que pinto os meus quadros e na tela fixo o incorpóreo, eu corpo-a-corpo comigo mesma. Não se compreende música: ouve-se. Ouve-me então com meu corpo inteiro. Quando vieres a me ler perguntarás por que não me restrinjo à pintura e às minhas exposições, já que escrevo tosco e sem ordem. É que agora sinto necessidade de palavras – e é novo para mim o que escrevo porque minha verdadeira palavra foi até agora intocada. A palavra é a minha quarta dimensão.
Hoje acabei a tela de que te falei: linhas redondas que se interpenetram em traços finos e negros, e tu, que tens o hábito de querer saber por quê – e porque não me interessa, a causa é matéria de passado – perguntarás por que os traços negros e finos? é por causa do mesmo segredo que me faz escrever agora como se fosse a ti, escrevo redondo, enovelado e tépido, mas às vezes frígido como os instantes frescos, água do riacho que treme sempre por si mesma. O que pintei nessa tela é passível de ser fraseado em palavras? Tanto quanto possa ser implícita a palavra muda no som musical.
Vejo que nunca te disse como escuto música – apóio de leve a mão na eletrola e a mão vibra espraiando ondas pelo corpo todo: assim ouço a eletricidade da vibração, substrato último no domínio da realidade, e o mundo treme nas minhas mãos.
E eis que percebo que quero para mim o substrato vibrante da palavra repetida em canto gregoriano. Estou consciente de que tudo o que sei não posso dizer, só sei pintando ou pronunciando, sílabas cegas de sentido. E se tenho aqui que usar-te palavras, elas têm que fazer um sentido quase que só corpóreo, estou em luta com a vibração última. Para te dizer o meu substrato faço uma frase de palavras feitas apenas dos instantes-já. Lê então o meu invento de pura vibração sem significado senão o de cada esfuziante sílaba, lê o que agora se segue: “com o correr dos séculos perdi o segredo do Egito, quando eu me movia em longitude, latitude e altitude com ação enérgica dos elétrons, prótons, nêutrons, no fascínio que é a palavra e a sua sombra”. Isso que te escrevi é um desenho eletrônico e não tem passado ou futuro: é simplesmente já.
Também tenho que te escrever porque tua seara é a das palavras discursivas e não o direito de minha pintura. sei que são primárias as minhas frases, escrevo com amor demais por elas e esse amor supre as faltas, mas amor demais prejudica os trabalhos. Este não é um livro porque não é assim que se escreve. O que escrevo é um só clímax? Meus dias são um só clímax: vivo à beira.
Ao escrever não posso fabricar como na pintura, quando fabrico artesanalmente uma cor. Mas estou tentando escrever-te com o corpo todo, enviando uma seta que se finca no ponto tenro e nevrálgico da palavra. Meu corpo incógnito te diz: dinossauros, ictiossauros e plessiossauros, com sentido apenas auditivo, sem que por isso se tornem palha seca, e sim úmida. Não pinto idéias, pinto o mais inatingível “para sempre”. Ou “para nunca”, é o mesmo. Antes de mias nada, pinto pintura. E antes de mais nada te escrevo dura escritura. Quer como poder pegar com a mão a palavra. A palavra é objeto? E aos instantes eu lhes tiro o sumo da fruta. Tenho que me destituir para alcançar cerne e semente de vida. O instante é semente viva.
A harmonia secreta da desarmonia: quero não o que está feito mas o que tortuosamente ainda se faz. Minhas desequilibradas palavras são o luxo de meu silêncio. Escrevo por acrobáticas e aéreas piruetas – escrevo por profundamente querer falar. Embora escrever só esteja me dando a grande medida do silêncio.
E se eu digo “eu” é porque não uso dizer “tu”, ou “nós” ou “uma pessoa”. Sou obrigada à humildade de me personalizar me apequenando mas sou o és-tu.
Sim, que a palavra última que também é tão primeira que já se confunde com a parte intangível do real. Ainda tenho medo de me afastar da lógica porque caio no instintivo e no direto, e no futuro: a invenção do hoje é o meu único meio de instaurar o futuro. Desde já é futuro, e qualquer hora é hora marcada. Que mal porém tem eu me afastar da lógica? Estou lidando com a matéria-prima. Estou atrás do que fica atrás do pensamento. Inútil querer me classificar: eu simplesmente escapulo não deixando, gênero não me pega mais. Estou num estado muito novo e verdadeiro, curioso de si mesmo, tão atraente e pessoal a ponto de não poder pintá-lo ou escrevê-lo. Parece com momentos que tive contigo, quando te amava, além dos quais não pude ir pois fui ao fundo dos momentos. É um estado de contato com a energia circundante e estremeço. Uma espécie de doida, doida harmonia. Sei que meu olhar deve ser o de uma pessoa primitiva que se entrega toda ao mundo, primitiva como os deuses que só admitem vastamente o bem e o mal e não querem conhecer o bem enovelado como em cabelos no mal, mal que é o bom.
Fixo instantes súbitos que trazem em si a própria morte e outros nascem – fixo os instantes de metamorfose e é de terrível beleza a sua seqüência e concomitância.
Agora está amanhecendo e a aurora é de neblina branca nas areias da praia. Tudo é meu, então. Mal toco em alimentos, não quero me despertar para além do despertar do dia. Vou crescendo com o dia que ao crescer me mata certa vaga esperança e me obriga a olhar cara a cara o duro sol. a ventania sopra e desarruma os meus papéis. Ouço esse vento de gritos, estertor de pássaro aberto em oblíquo vôo. E eu aqui me obrigo à severidade de uma linguagem tensa, obrigo-me à nudez de um esqueleto branco que está livre de rumores. Mas o esqueleto é livre de vida e enquanto vivo me estremeço toda. Não conseguirei a nudez final. e ainda não a quero, ao que parece.
Esta é a vida vista pela vida. Posso não ter sentido mas é a mesma falta de sentido que vem a veia que pulsa.
Quero escrever-te como quem aprende. Fotografo cada instante. Aprofundo as palavras como se pintasse, mais do que um objeto, a sua sombra. Não quero perguntar por quê, pode-se perguntar sempre por que e sempre continuar sem resposta: será que consigo me entregar ao expectante silêncio que se segue a uma pergunta sem resposta? Embora adivinhe que em algum lugar ou em algum tempo existe a grande resposta para mim.


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Fonte: LISPECTOR, Clarice. Água viva. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1994. p. 13-8.

Thursday, August 23, 2007

Carolina Morning


Não me recuses o Amor.

Não me negues o Belo.

Não me cales a voz,

que teima em invadir as paredes que me rodeiam.

Não me cortes os sons dos que chegam,

de longe:

tristes,

sós,

únicos.

A chama de um fósforo,

quente e bela, rebentando de cor.......

o perfume de um pé de jasmim,

branco,

singular,

na sua natureza frágil e breve;

o sabor dos frutos e madeiras,

das encostas quentes num líquido vermelho chamado vinho.

Sim. Sophia.

Um verso.

Uma palavra.

Um acorde.

Uma imagem.

Não. Não é o sangue que me corre nas veias.

É o Mundo!

Sempre foi.

Brusco e imenso, forte e só meu,

como o Mar.

Não receies por mim.

Não temas que me perca na emoção de estranhos.

Eu sou uma estranha.

Eu sou o mundo e o mundo inteiro habita em mim.

E se me tocares,

Se fechares os olhos e me tocares,

Sentirás o estremecer da terra,

o silêncio do fundo do Oceano,

o estertor da fome,

o medo fechado no punho de uma criança.

Treme

quando em mim não pulsar tudo o que é singular,

imenso,

quente,

arrebatador,

Treme

quando me ouvires calar um Não.

Treme

quando as lágrimas me fugirem,

quando eu preferir o negro à siena,

ou ao fogo.

Isto sou eu.

E nada mais.

Eu sou assim.

Não vou mudar.

O Mundo vai sempre correr nas minhas veias;

hoje Gardel...Piazolla, amanhã Purcell.

Hoje Bovary.

Amanhã Guiné.

Fome, Guerras, sei lá....os quatro cavaleiros do Apocalipse.

Nunca os temi.

temi

( e já são tantos os anos),

O que Tu Temes

em Mim.

3 de Abril de 2007

10 hrs

caneta: New York City

Salisbury Hotel

1- 888-NYC- 5757

caderno : Moleskine preto/plain